sábado, 15 de agosto de 2009

Ps básico....

Link do blog do ALFREDÃO!!! http://teatroalfredomesquita.blogspot.com/

Fucem e divulgem!!!

bjufuiii... Dani.

Sarau Vocacional Sensacional !!! al al al








OLÁ OLÁ OLÁ!!!!

Pois é José...
Dpois de séculos sem postar nothing de nothing.... (né CATHARINA!)
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Mim veio aki... e '' atualizou''um pouco este ''brôgui'' (hehehehe)

Poisss é Gennntemmm, dia 13( aê vô Zagallo) de 08( um mês um tanto ''nervoso'' ) ás 19h aconteceu o nosso 1° Sarau... ehehehehehehe
E foi Sensacionallll ôhêeeee.
O encontro entre os voccionados do dia e da noite, e foi uma diliça, galerinha supinpa, serelepe e peralta, como nós da night!

Entãooo João...
Tá aii o resultado \o/

bjksebjokinhas Dani.

Graaaande Boalllll

Teatro como arte marcial

29/12/2000

Mas... Por que globalizamos? Existem hoje duas ideologias neste mundo doente: uma diz que a humanidade é una, somos humanos irmãos - o Estado deve oferecer básicas oportunidades a todos, sem levar em conta berço e conta bancária. É muito simples de entender.

A outra, mais complicada, necessita, para ser entendida, da ajuda de uma fábula antiga, a da jangada da Medusa. Conta a história de náufragos à deriva: sem comida, decidiram matar e comer os moribundos; os aleijados depois; e, aí, criancinhas indefesas. Queriam se salvar. Foram-se comendo uns aos outros, até que, na jangada, sobrou um único sobrevivente. Quase morto de fome, começou a comer a si mesmo, primeiro pelas partes dispensáveis de seu corpo: dedos e braço esquerdo, a perna do mesmo lado.

E acabou por comer os intestinos, já que não tinha encontrado nada de mais substancioso e nutritivo nem na cabeça nem no coração; órgãos inúteis!

As últimas coisas que o náufrago comeu foram a própria língua e a boca! Depois não comeu mais nada.

No Brasil, os poderosos ainda estão comendo só as crianças de rua, os sem-terra, os sem-teto, os sem-tela, os negros, os desempregados... Mas virá o dia em que comerão a si mesma menos - aqueles que possuem "know-how off shore", é claro.

Essa ideologia canibal também se chama "modernidade". Canibalismo é moderno! Dizem que esquerda e direita são coisas da Revolução Francesa. Talvez seja verdade, mas falemos do que existe: humanistas e canibais.

Basta de hipocrisias!

Nesse confronto - Tiradentes versus Joaquim Silvério, como dizia Barbosa Lima Sobrinho - estão vencendo os canibais! Goleada sem misericórdia!

No mundo que pretende se robotizar - uso esse sinônimo para não ficar repetindo sempre a mesma palavra: globalizar! - a obra de arte perde sua razão de ser, dá lugar ao produto único: o mercado opera em nós a prótese do desejo, extirpa nosso desejo e implanta em nós o desejo do mercado.

Para vender cada vez mais, tenho de cantar com a garganta do cantor de sucesso, não com a minha; bailar com as pernas de outro bailarino, não com as que tenho; ver o mundo com olhos alheios, não os meus.

Chorar a lágrima que me jogaram no rosto, sorrir o sorriso que me esculpiram na face, como pedra.

Eu peço: cantemos com a nossa voz, bailemos com o nosso corpo, digamos a nossa palavra. Essa deve ser a arte dos humanistas, daqueles que negam a robotização, afirmam as diferenças e delas acham a unidade: somos homens, somos mulheres, temos a pele negra e temos a pele branca, temos olhos azuis e olhos castanhos, mas a nossa esperança é verde!

Somos diferentes pelas culturas onde crescemos, pelos países em que vivemos. Somos iguais pela determinação em sermos nós mesmos, em nos recusarmos a ser extensões do "mercado-rei", chimpanzés de auditório!

A globalização deseja o monólogo: para combatê-la, o diálogo é necessário. Nos sindicatos e nas igrejas, nas escolas e nos partidos, nas ciências e nas alies, na solidão do divã do psicanalista e nas reuniões multitudinárias do teatro na praça.

O teatro é um meio privilegiado para descobrirmos quem somos, pois criamos imagens do nosso desejo.

Por que o teatro? Porque existem artes, como a música, que organizam o som e o silêncio no tempo - outras, como a pintura, que organizam a forma e a cor, no espaço-, e artes como o teatro, que organizam ações humanas no espaço e no tempo.

Ao organizarem as ações humanas, revelam estruturas sociais, interações. Mostram de onde viemos, onde estamos e para onde vamos (se não tomarmos cuidado). Por isso devemos fazer teatro, todos nós, para que saibamos quem somos!

O teatro é um espelho onde vemos nossos vícios e virtudes, disse Shakespeare. Pode-se também transformar em espelho mágico, como no Teatro do Oprimido, espelho que podemos invadir e, ao penetrá-lo, ensaiar modificações dessa imagem; fazê-la melhor, mais ao nosso gosto.

Nesse espelho vemos o presente diante de nós, mas podemos também inventar o futuro dos nossos sonhos. Sabemos que o ato de transformar é transformador. Ao mudarmos nossa imagem estaremos mudando a nós mesmos, para mudarmos depois o mundo.

Teatro é arte e sempre foi arma. Hoje, para nós, mais do que nunca, lutando pela nossa sobrevivência cultural, o teatro é a arte que revela nossa identidade e é a arma que a preserva.

Sabemos que para resistir não basta dizer não. Desejar é preciso! É preciso sonhar. Não o sonho tecnicolorido da televisão, que substitui a dura realidade em preto e branco, mas o sonho que prepara uma nova realidade.

Uma nova realidade onde se busca unificar a humanidade, sim, mas não uniformizar os seres humanos. Nessa tarefa, o teatro pode ajudar.

Hoje, o teatro é uma arte marcial!

Augusto Boal, 69, diretor de teatro e dramaturgo, dirige o Centro Teatro do Oprimido (RJ).